O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é conhecido principalmente por dificuldades na comunicação, interação social e comportamentos repetitivos. Porém, estudos recentes têm apontado que o modo de caminhar da pessoa pode revelar sinais importantes sobre o autismo, muitas vezes antes mesmo das manifestações clássicas serem perceptíveis.

Pesquisas mostram que crianças e adultos com autismo frequentemente apresentam padrões de marcha distintos. Por exemplo, andar na ponta dos pés é um comportamento comum em muitos autistas, e pode estar relacionado a sensações táteis diferenciadas, rigidez motora ou mesmo uma forma de autoestimulação. Além disso, é comum observar variações na velocidade da caminhada, comprimento dos passos e no equilíbrio.
Essas diferenças no caminhar estão ligadas a alterações no desenvolvimento neurológico, que envolvem áreas do cérebro responsáveis pela coordenação motora, como o cerebelo e os gânglios da base. Tais alterações podem gerar um padrão de movimento menos fluido e mais rígido.
As causas para essas mudanças na marcha são variadas. Algumas crianças com autismo têm hipersensibilidade sensorial, o que faz com que o contato total dos pés com o chão seja desconfortável, levando-as a andar na ponta dos pés. Outras podem repetir esse padrão por rigidez cognitiva, mantendo movimentos repetitivos mesmo após o período normal de aprendizado da marcha. Em certos casos, questões musculoesqueléticas também influenciam, assim como o comportamento de autoestimulação, onde a caminhada na ponta dos pés pode trazer conforto emocional.
Embora esses sinais não sejam exclusivos do autismo, sua identificação precoce pode ser um importante indicador para que famílias e profissionais busquem avaliação e intervenção. Afinal, alterações na marcha podem impactar a qualidade de vida, provocando dores musculares, problemas de equilíbrio e aumentando o risco de quedas.
Para ajudar a melhorar esses padrões de marcha, a terapia ocupacional é uma abordagem bastante eficaz. Com exercícios voltados para o fortalecimento muscular, equilíbrio e estímulos sensoriais, é possível promover uma marcha mais segura e confortável. Atividades físicas como dança, esportes e jogos também contribuem para o desenvolvimento motor e o bem-estar geral.
Em resumo, observar o modo como uma pessoa caminha pode oferecer pistas valiosas sobre o autismo, especialmente em crianças pequenas. Estar atento a esses sinais pode facilitar um diagnóstico mais rápido e um suporte adequado, promovendo maior autonomia e qualidade de vida para quem está no espectro.

Sou autista especial (nível 1) e blogueiro amador, com raízes profundas no Maranhão, entre São Luís e São João Batista. Minha jornada começou na Rede Municipal de Ensino, onde concluí o 1º Grau e desenvolvi desde cedo um olhar sensível e curioso sobre o mundo.
Por meio do blog, transformo minhas experiências e percepções em conteúdo que informa e inspira. Gosto de abordar temas como inclusão, acessibilidade, direitos humanos, política e as vivências no espectro autista, sempre com autenticidade e compromisso com a realidade.
Acredito que a informação pode transformar realidades. Cada texto é um convite ao diálogo, ao respeito e à construção de uma sociedade mais empática e consciente.