Morre Patativa, ícone do samba de raiz maranhense, aos 87 anos

A música maranhense está de luto. Faleceu, aos 87 anos, Maria do Socorro Silva, mais conhecida como Patativa — uma das figuras mais emblemáticas do samba de raiz do Maranhão. A artista morreu em São Luís no início de maio de 2025, deixando um legado de autenticidade, resistência e amor pela cultura popular.

Ícone do Samba, Patativa morre aos 87 Anos

De Pedreiras para o coração de São Luís

Nascida em Pedreiras (MA), Patativa mudou-se ainda criança para São Luís, onde construiu sua vida e sua trajetória artística. Desde muito jovem esteve envolvida com o samba, frequentando rodas e participando de blocos tradicionais da capital maranhense. Sua paixão pela música era visível, e sua presença marcava qualquer evento onde estivesse.

O apelido “Patativa” surgiu da convivência com artistas locais. Segundo relatos, o artista plástico Justo Santeiro a apelidou assim ao ouvir seu canto persistente, comparando-a à ave nordestina conhecida pelo canto afinado. A alcunha virou identidade, e Patativa passou a ser sinônimo de samba e resistência cultural em São Luís.

Um talento reconhecido pelo Brasil

Embora fosse uma figura querida há décadas na cena local, Patativa só teve seu talento reconhecido nacionalmente aos 77 anos, quando lançou seu primeiro disco, Ninguém é Melhor do Que Eu, com produção de Zeca Baleiro e participações especiais de Zeca Pagodinho e Simone. O álbum marcou o início de uma nova fase em sua carreira — agora eternizada em gravações que preservam sua voz forte e cheia de verdade.

Seu segundo disco, Sou de Pouca Fala, lançado em 2018, também com produção de Zeca Baleiro, reforçou sua importância no cenário da música popular brasileira. Com letras diretas e cheias de sabedoria popular, Patativa conquistou novos públicos sem perder sua essência.

Uma vida de luta e celebração

Mesmo enfrentando dificuldades de saúde nos últimos anos, Patativa nunca deixou de ser celebrada. Em 2024, foi homenageada com um grande show na Feira da Praia Grande, organizado pela Rádio das Tulhas, que reuniu dezenas de artistas locais cantando seus sucessos. Ela assistiu à apresentação de sua casa, emocionada, e foi homenageada com flores, vídeos e muito carinho dos fãs.

Patativa era muito mais do que uma cantora: era uma cronista do cotidiano, uma figura popular que representava a voz do povo em suas canções. Suas letras falavam de amor, de luta, de fé e das alegrias simples da vida. Seu jeito autêntico e seu humor cortante também marcaram sua personalidade inconfundível.

Legado eterno

A morte de Patativa representa o fim de uma era no samba maranhense, mas seu legado permanece vivo. As novas gerações de artistas que se inspiram nela garantem que sua memória siga pulsando nos batuques e nas melodias que animam os becos e vielas de São Luís.

Mais do que uma cantora, Patativa foi resistência cultural, símbolo de identidade e força feminina na música brasileira. Em sua voz, o Maranhão cantava.

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