O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com firmeza às recentes sanções impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Em um pronunciamento transmitido em cadeia nacional, Lula classificou as medidas americanas como uma tentativa de interferência inaceitável nos assuntos internos do país, ressaltando que “o Brasil é soberano e não se curva a ameaças externas”.

As sanções, anunciadas pelo governo de Donald Trump no dia 18 de julho, incluem restrições de visto a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e procuradores envolvidos no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de tarifas comerciais elevadas — que podem chegar a 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto. A decisão gerou forte reação em Brasília, onde o clima entre os Poderes é de união em torno da defesa institucional.
Lula enfatizou que o Brasil não aceitará pressões internacionais sobre decisões judiciais tomadas por suas instituições legítimas. “Essa tentativa de transformar um julgamento nacional em uma questão geopolítica é uma afronta ao nosso sistema democrático”, afirmou o presidente. Ele também lembrou que o governo brasileiro buscou diálogo com os EUA em diversas ocasiões, mas recebeu, em troca, medidas unilaterais consideradas agressivas.
Além da resposta diplomática, o Planalto já estuda retaliações comerciais e anunciou que levará o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC). Também está em discussão a aplicação da chamada Lei da Reciprocidade, que pode restringir o acesso de empresas e cidadãos americanos a benefícios em território brasileiro.
A crise ganhou novos contornos políticos com o apoio público de ministros do STF, como Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes, ao discurso de Lula. Ambos destacaram a importância da independência entre os Poderes e criticaram o que chamaram de “ingerência externa disfarçada de política comercial”.
Por outro lado, membros da oposição, como o senador Marcos Rogério (PL‑RO), alegam que o governo Lula tem dois pesos e duas medidas, e criticam o que consideram uma tentativa de “blindagem política” do STF.
A tensão diplomática entre Brasil e EUA, que já vinha se intensificando desde o início de 2025 com medidas protecionistas do governo americano e episódios de deportação de brasileiros, agora entra em uma fase mais delicada. Especialistas falam em risco de guerra comercial, que pode impactar duramente setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria de transformação.
Enquanto isso, a mensagem do presidente é clara: o Brasil está disposto a dialogar, mas não aceitará ser tratado como uma nação subalterna. “Somos parceiros, não subordinados”, concluiu Lula, em tom firme, encerrando o discurso que marcou uma das semanas mais tensas na diplomacia brasileira recente.