Dólar sobe para R$ 5,54 impulsionado por tensões comerciais e incertezas fiscais

Nesta quinta-feira, 10 de julho de 2025, o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 5,543, com alta de 0,72% em relação ao fechamento anterior. Essa é a maior cotação desde o final de junho, refletindo uma combinação de fatores internos e externos que pressionam a moeda brasileira.

Nota de Dólares / Pixabay

Entre os principais motivos para a valorização do dólar está o anúncio de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos do agronegócio brasileiro. A medida, que afeta diretamente exportações de alto valor, como carnes e grãos, gerou preocupação nos mercados e impulsionou o dólar a bater R$ 5,61 durante a manhã, antes de recuar levemente ao longo do dia.

No cenário doméstico, a atenção se volta para o debate fiscal em Brasília. A possibilidade de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e o impasse sobre medidas compensatórias para cumprir as metas do novo arcabouço fiscal aumentam a incerteza dos investidores. Esse ambiente de dúvida reduz a entrada de capital estrangeiro e favorece a valorização da moeda americana frente ao real.

Apesar da instabilidade local, o contexto internacional tem se mostrado relativamente neutro. O dólar não apresentou grandes variações frente a outras moedas emergentes, o que indica que a pressão atual sobre o real está mais ligada ao ambiente interno.

A alta do dólar tem impacto direto no dia a dia dos brasileiros. Produtos importados, como eletrônicos e medicamentos, ficam mais caros, assim como viagens internacionais e serviços dolarizados, como hospedagens e passagens aéreas. Além disso, o encarecimento do dólar pode refletir na inflação, já que muitos insumos agrícolas e industriais são cotados na moeda americana.

O mercado de ações também sentiu os efeitos da alta cambial. O Ibovespa recuou cerca de 0,5%, com destaque negativo para empresas exportadoras. A Embraer, por exemplo, chegou a cair 7% durante o dia, fechando com desvalorização de 3,7%.

No acumulado da semana, o dólar sobe 2,2%, mas ainda registra queda de aproximadamente 10,3% no ano, o que mostra que, apesar das oscilações recentes, a tendência de médio prazo continua volátil e sensível às decisões econômicas do governo e às movimentações globais.

Nos próximos dias, os investidores estarão atentos às sinalizações do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve (Fed), especialmente em relação às taxas de juros. Um eventual corte nos juros americanos em setembro poderia aliviar a pressão sobre o real. Até lá, no entanto, o câmbio deve continuar refletindo as incertezas locais.

O avanço do dólar para R$ 5,54 acende um sinal de alerta para a economia brasileira e reforça a necessidade de uma política fiscal mais clara e previsível.

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