Você sabia que o Maranhão é uma verdadeira “estação de descanso” para milhares de aves migratórias que viajam todos os anos entre continentes?

Pois é. E é justamente aí que entra o trabalho da professora Flor Maria Guedes Las-Casas, da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Ela está à frente de um projeto internacional que monitora e estuda essas aves que, literalmente, cruzam o planeta em busca de abrigo e alimento. É um trabalho de paciência, dedicação e, claro, muita paixão pela natureza.
A missão: entender para proteger
O projeto começou em janeiro de 2023 e vai até o final de 2024. Durante esse período, a equipe liderada pela professora Flor vem realizando expedições em pontos estratégicos da costa maranhense — como o Porto do Itaqui, a praia do Cajueiro e a Baía de São Marcos.
O objetivo é observar, contar e entender o comportamento das aves migratórias que passam por aqui. E não são poucas: só entre agosto e setembro do ano passado, foram registradas 43 espécies diferentes. Em campanhas mensais, mais de 52 mil aves limícolas (daquelas que vivem em áreas úmidas) foram contabilizadas.
Alguns dos visitantes mais frequentes são o maçarico-rasteirinho, o vira-pedras, e a simpática batuíra-de-coleira. Mas também aparecem por aqui espécies ameaçadas de extinção, como o maçarico-de-papo-vermelho, que vem da América do Norte em busca de refúgio.
O Maranhão como parada obrigatória
Essas aves não vêm ao Brasil por acaso. A nossa costa — especialmente o litoral maranhense — oferece condições ideais para que elas se alimentem, descansem e ganhem força para seguir viagem. É como se o Maranhão fosse uma pousada cinco estrelas no meio de uma longa trilha.
E o que a professora Flor e sua equipe fazem é garantir que essa pousada continue de pé — com alimento, abrigo e tranquilidade. Afinal, muitas dessas espécies fazem viagens absurdas, que chegam a ultrapassar os 30 mil quilômetros por ano.
Ciência com participação popular
Mas o projeto não acontece só nos laboratórios ou com binóculos na mão. Ele também se conecta com a comunidade.
Um exemplo disso foi o evento “Passarinhando no Maranhão”, realizado em abril de 2025. Com apoio da ONG Save Brasil, o grupo de pesquisa da professora Flor levou moradores, estudantes e curiosos para a beira-mar, com guias de campo, aplicativos e binóculos na mão. A ideia era simples: observar, registrar e aprender com as aves.
Além de divertido, esse tipo de atividade ajuda a gerar dados importantes e estimula o cuidado com a natureza. Afinal, quando a gente conhece de perto, aprende a valorizar.
Por que isso importa?
Você pode estar se perguntando: “Tá, mas por que tudo isso é tão importante?”
Simples. As aves migratórias são indicadoras poderosas da saúde do meio ambiente. Quando elas estão bem, é sinal de que o ecossistema está equilibrado. Mas quando começam a sumir ou mudar de rota, é porque algo está errado.
Além disso, os dados coletados pelo projeto ajudam a traçar políticas públicas, tanto no Brasil quanto em outros países por onde essas aves passam. Ou seja: o que é feito aqui no Maranhão pode influenciar decisões de conservação na América do Norte, na Europa ou na África.
O que vem pela frente
O projeto continua até dezembro de 2024, com expectativa de novos registros e análises. A ideia é que, no futuro, mais tecnologias sejam incorporadas ao monitoramento — como rastreadores por satélite e sensores de localização.
E claro, mais atividades com a comunidade também estão nos planos. Porque proteger as aves é, acima de tudo, um trabalho coletivo.
Se você quiser conhecer mais sobre esse trabalho ou até participar das próximas ações, vale ficar de olho nas redes da Uema e nos eventos ligados à observação de aves. Quem sabe você não descobre um novo hobby — e ainda ajuda a proteger quem cruza o céu do nosso estado todos os anos?

Sou autista especial (nível 1) e blogueiro amador, com raízes profundas no Maranhão, entre São Luís e São João Batista. Minha jornada começou na Rede Municipal de Ensino, onde concluí o 1º Grau e desenvolvi desde cedo um olhar sensível e curioso sobre o mundo.
Por meio do blog, transformo minhas experiências e percepções em conteúdo que informa e inspira. Gosto de abordar temas como inclusão, acessibilidade, direitos humanos, política e as vivências no espectro autista, sempre com autenticidade e compromisso com a realidade.
Acredito que a informação pode transformar realidades. Cada texto é um convite ao diálogo, ao respeito e à construção de uma sociedade mais empática e consciente.