Crescimento do Diagnóstico de Autismo no Mundo: O Que Revelam os Dados Mais Recentes

Nos últimos anos, a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem ganhado destaque nos principais estudos globais e censos nacionais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1 em cada 100 crianças no mundo tem diagnóstico de autismo — um número que tem aumentado progressivamente nas últimas décadas, refletindo avanços na detecção, ampliação do acesso à saúde e maior conscientização social.

Autismo no mundo: números em crescimento

Um estudo recente do projeto Global Burden of Disease (GBD) de 2021 estimou que o autismo afeta cerca de 0,79% da população global, o equivalente a quase 62 milhões de pessoas. Desses, os homens apresentam uma prevalência significativamente maior, com 1.064 casos por 100 mil habitantes, contra 508 por 100 mil entre mulheres.

Nos Estados Unidos, os dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) mostram que 1 em cada 31 crianças de 8 anos foram diagnosticadas com TEA em 2022. A diferença entre meninos e meninas é marcante: 1 em 34 meninos e 1 em 144 meninas têm o diagnóstico.

Esses aumentos, segundo especialistas, não representam uma epidemia, mas sim uma evolução na forma como a sociedade reconhece e diagnostica o autismo. Melhor acesso ao diagnóstico, mudanças nos critérios clínicos e maior sensibilidade de profissionais de saúde têm contribuído para esse cenário.

O panorama brasileiro: dados inéditos do Censo 2022

Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu no Censo Demográfico de 2022 uma pergunta sobre diagnóstico de autismo. O resultado é impactante: 2,4 milhões de brasileiros declararam ter diagnóstico de TEA, o que representa cerca de 1,2% da população com 2 anos ou mais.

Outros dados importantes revelados pelo Censo:

  • 1,5% dos homens brasileiros têm autismo, contra 0,9% das mulheres;
  • A faixa etária com maior concentração é de 5 a 9 anos, com 2,6% de prevalência, seguida por 2,1% entre 0 e 4 anos;
  • A maior parte dos casos está concentrada na região Sudeste, com mais de 1 milhão de pessoas com TEA.

Além disso, foi identificado que 36,9% das pessoas com autismo entre 6 e 14 anos estão regularmente matriculadas na escola, uma proporção superior à da população geral na mesma faixa etária (24,3%). Porém, esse índice despenca a partir dos 14 anos, revelando desafios em manter adolescentes e jovens com TEA inseridos no ambiente educacional.

Diagnóstico precoce e inclusão: os próximos passos

A inclusão do autismo no censo oficial brasileiro é um marco histórico. Ela permite que políticas públicas mais específicas sejam desenvolvidas com base em dados reais, e não apenas em estimativas. Também abre caminhos para maior fiscalização sobre inclusão escolar, acesso à saúde e políticas de apoio à família.

A tendência de crescimento no número de diagnósticos deve continuar. Isso não significa que há mais pessoas com autismo hoje do que no passado, mas sim que mais pessoas estão sendo corretamente identificadas. É um sinal de avanço da sociedade em reconhecer, acolher e oferecer suporte às diferenças neurológicas.

Conclusão

Com mais de 62 milhões de pessoas no mundo e 2,4 milhões no Brasil vivendo com diagnóstico de TEA, é urgente que governos, escolas e instituições se adaptem a uma realidade que já não pode mais ser invisibilizada. A informação gerada pelos censos e estudos atualizados é uma ferramenta poderosa para garantir direitos, respeito e inclusão às pessoas autistas — da infância à vida adulta.

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