Brasil tenta barrar tarifa de 50% dos EUA e mobiliza indústria em força-tarefa liderada por Alckmin

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reuniu-se nesta terça-feira com representantes de diversos setores da indústria brasileira para discutir estratégias frente à tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos do Brasil. O encontro, realizado em Brasília, marca uma mobilização do governo federal junto ao setor produtivo para tentar reverter a medida antes que ela entre em vigor em 1º de agosto.

Brasília (DF) 16/07/2025 – O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participa de reunião com representantes do setor produtivo da indústria para discutir medidas à tarifa de 50% dos EUA. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A reunião contou com a presença de representantes de mais de 40 segmentos industriais, incluindo aviação, siderurgia, papel e celulose, calçados, têxteis, máquinas e o agronegócio. Segundo Alckmin, a decisão norte-americana é “economicamente incoerente e politicamente injustificável”, especialmente considerando que os EUA mantêm superávit na balança comercial com o Brasil.

“Essa tarifa é ruim para os dois lados. Aumenta custos para o consumidor americano, desestimula o comércio bilateral e ameaça empregos nos dois países”, afirmou o vice-presidente.

O governo brasileiro pretende resolver o impasse diplomaticamente até o fim deste mês. No entanto, já se estuda a possibilidade de solicitar aos Estados Unidos um prazo adicional de 90 dias para ampliar o diálogo. Para isso, o país quer envolver também setores privados americanos – como importadores, exportadores e entidades de comércio – numa tentativa de pressionar pela suspensão da tarifa.

Prejuízos bilionários em jogo

Entre os setores mais afetados pela tarifa está o da aviação. A Embraer, por exemplo, alertou que pode perder cerca de R$ 2 bilhões em receitas ainda neste ano se a medida for mantida. Até 2030, o prejuízo acumulado pode ultrapassar R$ 20 bilhões. No campo, representantes do agronegócio afirmam que a tarifa tornaria inviável a exportação de produtos para o mercado norte-americano.

Diante do impacto generalizado, empresários reforçaram a necessidade de cautela. Em vez de retaliações imediatas, o setor defende uma negociação estratégica e articulada com as autoridades americanas.

Comitê interministerial e unidade de ação

A articulação está sendo conduzida por um comitê interministerial recém-criado, coordenado por Alckmin, que reúne ministérios como Casa Civil, Relações Exteriores, Fazenda e Agricultura. A missão é clara: construir uma resposta firme, mas diplomática, para defender os interesses do Brasil.

“O momento é de diálogo, mas com unidade. Vamos buscar todos os canais possíveis para proteger nossas exportações e a competitividade da indústria nacional”, reforçou Alckmin.

O que vem pela frente?

  • Prazo curto: O governo corre contra o tempo para reverter ou ao menos adiar a tarifa antes de 1º de agosto.
  • Aliança com o setor privado: A mobilização inclui empresários e entidades do Brasil e dos EUA.
  • Possível extensão: A proposta de pedir mais 90 dias para negociar está em avaliação.
  • Postura estratégica: Retaliações estão descartadas por enquanto, em favor de uma solução diplomática.

A próxima rodada de reuniões entre o governo e o setor produtivo está prevista para os próximos dias, com participação ampliada de representantes internacionais. A expectativa é que, com pressão coordenada e argumentos econômicos sólidos, a tarifa possa ser suspensa ou revista antes de causar prejuízos à economia brasileira.

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